quarta-feira, 19 de março de 2014

19 de março de 1964

Fonte: Acervo da Folha de S. Paulo
[19/03/64]  Hoje a marcha em defesa da constituição

(Mensagens de Ademar de Barros)
O  governador Ademar de Barros dirigiu mensagens aos bispos, prefeitos e presidentes de Câmaras de todos o país, conclamando um movimento nacional de unidade cristã para preservação das instituições democráticas e combate ao comunismo.

Mensagem do governador  paulista aos bispos brasileiros: "Nesta hora grave que atravessa o Brasil, quero respeitosamente testemunhar a v. exa., em louvor da fé de nosso povo, que só a piedade cristã poderá galvanizar a unidade nacional, de forma a se preservarem as liberdades públicas dentro do regime democrático em que vivemos. Estou certo de que em sua nobre diocese a superior inspiração de v.exa. será no sentido de que os milagrosos rosários da fé cristã serão levantados pela tranquilidade do povo, sobretudo contra a perspectiva do comunismo agnóstico e avassalador."

Mensagem do governador Ademar de Barros aos prefeitos e presidentes de Câmaras Municipais: "A preservação das instituições democráticas e o intransigente combate às infiltrações comunistas no país, estão a exigir sobretudo neste Estado, um grande movimento no sentido da unidade da fé cristã, cujos milagrosos rosários hão de se levantar em preces pela tranquilidade da família brasileira. Sendo propósito do meu governo a ampla pacificação dos espíritos, peço que, em meu nome, visite o reverendíssimo pároco local com o maior número de nossos amigos para testemunhar-lhe quão valioso será seu concurso através da sua superior inspiração e das piedosas orações dos seus fiéis."



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A marcha, o terço e o livro: catolicismo conservador e ação política na conjuntura do golpe de 1964
Adriano Nervo Codato - Marcus Roberto de Oliveira

 "Precisamente, as Marchas da Família com Deus pela Liberdade foram atos públicos organizados por setores católicos da classe média urbana — e impulsionados por políticos conservadores (a Ação Democrática Parlamentar, em primeiro lugar), pela elite empresarial (reunida no IPES) e pelos movimentos femininos — que reuniram milhares de pessoas às vésperas do 31 de março nas principais cidades brasileiras. Condenavam genericamente a política "populista" (isto é, "a demagogia, a desordem e a corrupção") e o "comunismo" (seja seu caráter "materialista e ateu", seja o risco que o "totalitarismo" poderia representar à propriedade privada e à democracia). Fazendo eco ao clima de guerra fria, comunismo e populismo eram considerados posturas simetricamente "antidemocráticas". O primeiro porque "esmagava o indivíduo", na expressão corrente da época, sufocando a "liberdade"; o segundo porque impedia a realização plena da "verdadeira democracia" (na verdade, uma versão idealizada e elitista do funcionamento do regime liberal-democrático nos países capitalistas centrais). Simplificadamente, as Marchas batiam-se pela obediência aos "valores tradicionais cristãos" (o terço e o rosário, o matrimônio, a família) e pela observação das "liberdades individuais" (a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, a propriedade privada) ameaçadas (ou supostamente ameaçadas) pelo governo Goulart."

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